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Quase um ano…

  • Foto do escritor: Ivanize de Souza
    Ivanize de Souza
  • 15 de jun. de 2022
  • 5 min de leitura





Desde que voltei de Los Angeles não escrevo nesse blog.


Não era minha intenção fazer um diário, e sim um relato de minha perda, e quem sabe, ajudar a outras mães que passam por problema como esse. Ou, mostrar para algumas pessoas, o mal que a droga pode ocasionar, tanto para quem usa como para quem esta diretamente ligada a pessoa.


Não é todo mundo que pode usar droga e ter uma vida normal. Tenho amigos que fumam maconha para relaxar, e vivem normalmente. Para outras pessoas isso pode se tornar uma dependência e um estímulo para outros tipos de droga. Foi o que aconteceu com Matheus.


Ele nunca fez questão de esconder que fumava maconha, ainda mais morando na Califórnia, onde é permitido. Vivia brincando com minha mãe, dizendo que mandaria uns baseadinhos para ela parar de chorar e ficar mais calma...coisas de Matheus.

Mas como mãe, não aprovava seu hábito. Não critico quem usa, já usei também em minha adolescência. Mas como eu digo, não é todo mundo que pode usar a maconha. Alguns relaxam, outros abusam. E esse era o caso do Matheus.


Me fere a alma, quando lembro de pessoas que eu gostava, e que soube mais tarde que incentivaram meu filho ao uso de drogas. Um exemplo, do mais triste e traidor que tive, foi dentro de minha própria casa, onde uma parente próxima (muito próxima), ofereceu uma “balinha” ao meu filho, achando assim que estaria selando uma amizade e querendo se igualar a sua idade. Meu Deus! O que se passa dentro da cabeça de uma pessoa, que tinha idade para ser mãe do meu filho e ter uma atitude dessa! Ou ainda oferecer incenso de canabis. Uma coisa simples, ato “singelo” que era um incentivo ao uso de drogas. Estou bem de família...


Meu filho tinha suas fraquezas, com momentos de depressão e até sintomas de bipolaridade. Ele sofria com isso, mas não aceitava que tinha que se tratar. Quando Gabriela e eu sugeríamos um acompanhamento com psicólogo, ele ficava muito bravo e dizia que não era “louco”. Era difícil convencer o Matheus quando ele tinha ideias formadas em sua cabecinha...

Em seus momentos de angústia, conversávamos muito sobre espiritualidade. Ele sempre foi como eu, acreditando que existe muitas coisas além do nosso físico. Eram tão boas nossas conversas!!!Iam desde a vida de Jesus até vidas em outros planetas, Ets, discos voadores...hahaha. Ele me entendia nas minhas loucuras!



E graças a nossa crença, que eu tenho certeza de que reencontrarei meu filho. E sei que ele, de onde está, também sabe disso. Estamos separados por dimensões diferentes. Nossa ligação continua sendo forte como antes.


Amanhã, dia 16/06, completará 1 ano que ele se foi...


Minha vida mudou muito, ou melhor, mudou totalmente!

Já não sou aquela Ivanize de antes. Meus hábitos, minhas escolhas, meu dia a dia, enfim, minha rotina mudou. O que era importante hoje não é mais. Minha visão pelas coisas do mundo, céu e terra, mudaram.

Já não sinto alegria em estar em grandes festas, bondes enormes e no meio de muita gente. Me tornei mais reclusa. Muitas pessoas se afastaram de mim, e entendo a atitude. Já não sou mais aquela pessoa que agitava festas, encontros e passeios. Já não transmito a alegria de antes. Talvez tenha me tornado uma pessoa chata, e as pessoas não são obrigadas a conviver com isso. Somente os bons amigos permaneceram. Aqueles, que mandam recado de vez em quando para dizer: olha, eu estou aqui! E isso me faz tão bem! E sei que esses poucos amigos entendem meu silencio. Ainda não me sinto preparada para voltar a vida de antes.

E a esses pouquíssimos amigos, só tenho uma frase a dizer: Obrigada por não me esquecerem. Obrigada por não desistirem de mim!



Ninguém é uma ilha. Somos seres totalmente dependentes de atenção e carinho, principalmente no luto. Se eu não tivesse ao meu lado o Mauro, não sei do que seria de mim. Me apoia em todos os momentos. Minha filha, minha mãe, minha irmã Monica, meu genro, meus amigos próximos...não fazem ideia de como sou “alimentada” pelas boas energias que eles me oferecem. Sem eles, eu não teria forças para prosseguir.


Aqui no meu mundinho estou me reencontrando, aos poucos. Hoje me dedico mais as minhas meditações. Passei a enxergar com mais clareza meus defeitos e fraquezas.


Minha fé continua inabalável, e entendo aos poucos, que Deus me colocou em outro caminho quando chamou meu filho de volta.


Ter fé é quando não deixamos de acreditar em Deus até mesmos nas horas difíceis. E é assim que me sinto.


Apesar de tudo sou uma pessoa feliz! Sou grata pela vida e procuro me melhorar a cada dia, mesmo sendo uma tarefa difícil.

Hoje me realizo mais quando consigo ser útil a alguém, como o trabalho voluntario de entregas de marmitas. Como isso me faz feliz!

Voltei a estudar, estou terminando o primeiro semestre em Serviço Social.

Voltei as atividades de reiki. Ninguém sabe, mas sou reikiana! Voltei a fazer cursos de reciclagem e comecei a fazer outro trabalho voluntário, onde aplico reiki sem cobrar nada.

E essas atividades me fazem feliz! E tenho certeza de que Matheus fica feliz também, quando conto isso, em meus pensamentos direcionados a ele cheios de saudades e amor.


A saudade é enorme! Meu Deus! Como sinto saudades.

Mas quando percebo que a tristeza e angústia tentam tomar conta de mim, mudo meus pensamentos e começo a lembrar de coisas boas. A morte não pode ser vista de uma forma negativa, há a necessidade de mudar os polos dessa energia que emanamos, e transformar a dor em vibração de amor incondicional, carregado de gratidão por Deus ter me permitido ser sua mãe aqui na Terra, por 21 anos. Como sou grata por isso!



Matheus é maravilhoso! Uma pessoa amada que deixou marcas boas por onde passou.


Carinhoso. Querido!



E é assim que lembro dele.

Percebem que não falo no passado? Pois ele está somente em outra dimensão, não deixou de existir.

Fico feliz quando recebo lindas mensagens falando sobre Matheus, como essa, do Leonardo Fagnani. Eles se conheceram em Miami.




Lembro e lembrarei do meu filho sempre! Não existe um só dia que meu pensamento não voa até ele. Seja nos pequenos gestos, como uma comida que ele gosta, um lugar que ele visitou uma besteira que falou hahaha. Ele está comigo todos os dias.


E assim que tem que ser, é assim que será para sempre. Até meus últimos dias aqui na Terra.

Talvez eu não escreva mais aqui.


Acredito que consegui tocar muitos corações com meu blog. Recebo muitas visitas nessa página, quase que diariamente.


E se eu pude, ou se eu puder ajudar uma pessoa que seja com meu relato, já me sentirei com a sensação de missão cumprida.


Obrigada a todos que amam e dedicam todo carinho ao meu filho.


Obrigada a todos que fizeram parte da vida dele.






Minha eterna gratidão!!

 
 
 

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