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Eu que lute

  • Foto do escritor: Ivanize de Souza
    Ivanize de Souza
  • 15 de nov. de 2021
  • 2 min de leitura





Que a Terra está girando em um ritmo mais acelerado é fato. Os dias, semanas e meses passam mais rápido. Eu gostaria que, pelo menos pra mim, esse processo fosse mais rápido ainda. Assim, eu cumpriria logo minha passagem por aqui, sem infringir as leis de Deus.


Por mais que eu me esforce, não consigo retomar minha vida de antes.

A vida perdeu a graça.

Acho que meus dias são dedicados a minha filha, meu marido, minha mãe e ao Ozzy.

É por eles que me levanto e digo: vamos lá, mais um dia. Engole o choro e encara a vida. Não há lugar para aqueles que não sabem disfarçar suas dores. Não há lugar para os fracos! O mundo exige, a cada dia, mais de você.

Só se vive a base da troca.

Se você não puder dar algo pelo que vai receber, você já não será interessante para mais ninguém.

Não falo de coisas materiais, embora esse quesito faça parte de 50 % do interesse da mente coletiva.

Falo de suas atitudes. Se não puder doar sua atenção, alegria, seu tempo, simpatia, ouvidos, seu ombro, seu sorriso e tudo mais que uma pessoa simpática e de fácil convivência possa dar, você não se enquadra mais em nenhum pedacinho da sociedade.

É assim que estou me sentindo…

O luto é somente meu e sempre será.

Já faz 5 meses que não escuto: “Bom dia minha rainha”, e a dor não diminuiu. Pelo contrário, a angústia, saudade e aquela dorzinha funda no peito só aumentam. Por que a cada dia me certifico que é fato consumado, que não tem mais volta, e não verei mais meu filho. Pelo menos não nessa vida…

O luto é somente meu.

A vida continua normal para aqueles que estão ao meu redor. Falo dos mais próximos e de amigos, que fazem, ou faziam parte do meu meio social.

Percebo que as pessoas já não querem mais ouvir minhas lamentações. Entendo que pode ser para me proteger também, mas esquecem que eu estou despedaçada.

Matheus faz parte do meu passado, presente e fará do futuro. Não tem como, simplesmente, agir de uma forma tipo: já passou!

Entendo que também me tranquei em meu mundo. Não quero sair mais, já não tenho prazer de pilotar minha moto, não me sinto a vontade no meio de muita gente, não quero mais dançar, rir ou me divertir…

Se eu pudesse, passaria meus dias quietinha, sentada no sofá pensando na vida.

Mas mesmo eu me isolando, sinto falta de escutar: você está bem?

É uma confusão de sentimentos dentro de mim, que nem eu sei o que espero da vida realmente.

Estou tentando juntar os cacos.

Me sinto tão frágil, tão desmotivada…já não sei onde achar aquela Ivanize batalhadora de antes.

Mas sei que a cura da minha tristeza está em mim.

Somente eu poderei me ajudar. Eu que lute.

Eu poderia mascarar minha dor com calmantes, antidepressivos, bebida, droga ou qualquer outra porcaria que me tirasse da realidade por alguns momentos.

Mas não! Isso seria, a meu modo de ver, uma forma covarde de fugir da realidade.

E eu não sou covarde.

Estou fraca, mas covarde não.

Então, eu que lute com meu luto.


Para que eu possa tornar um pouco mais agradável a vida daqueles que estão ao meu redor, sem sobrecarregá-los com minha tristeza, eu tenho que reagir e encarar a vida.









 
 
 

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